Terapia de Reposição Hormonal: últimas atualizações

Este artigo se baseou na declaração da “The North American Menopause Society” (NAMS) publicada no ano de 2022, e o Guia Prático publicado neste ano pela “Associação Brasileira de Climatério” (SOBRAC).

A seguir você terá acesso às informações mais atualizadas e comprovadas cientificamente acerca dos riscos, benefícios e indicações da terapia de reposição hormonal na menopausa.

 

O que é a Terapia de Reposição Hormonal na Menopausa?

É a suplementação dos hormônios secretados pelo ovário que param de ser produzidos após o estabelecimento da menopausa. Esses hormônios, principalmente estrogênio e progesterona, são importantes para controlar os sintomas da menopausa e proteger a saúde da mulher.

 

Vias de Administração da Terapia Hormonal
Oral | Comprimidos:

São fáceis de tomar mas podem determinar maiores riscos de trombose venosa.

Transdérmica | Adesivos, sprays e géis:

São absorvidos pela pele e geralmente são mais seguros para mulheres com fatores de risco (hipertensão, diabetes, dentre outros).

Vaginal | Cremes, géis, comprimidos e anéis vaginais (esse último ainda não disponível no Brasil):

Geralmente usados para sintomas vaginais como secura ou desconforto durante a relação sexual.

 

Indicações da Terapia de Reposição Hormonal

Até o momento, a terapia hormonal deve ser indicada apenas nessas situações: melhora dos sintomas vasomotores; prevenção da osteoporose em mulheres pós-menopáusicas; reposição do estrogênio nos casos em que os ovários não produzem quantidade suficiente desse hormônio ou na menopausa precoce; tratamento de sintomas vulvovaginais moderados a graves.

Sintomas Vasomotores

Esses sintomas são caracterizados pela sensação de calor e sudorese em determinados momentos e estão associados à diminuição da qualidade do sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, redução da qualidade de vida e piora do estado de saúde.

Na ausência de contraindicações, em mulheres com menos de 60 anos ou dentro de 10 anos do início da menopausa, a terapia hormonal sistêmica é a terapia de escolha.

Prevenção da Osteoporose

A terapia hormonal é aprovada para a prevenção de perda óssea, mas não para o tratamento de osteoporose.

Na ausência de contraindicações, em mulheres com menos de 60 anos ou dentro de 10 anos do início da menopausa, a terapia hormonal sistêmica é uma terapia apropriada para proteger contra a perda óssea.

Nos casos de contraindicação da reposição hormonal, são possíveis estratégias alternativas para a preservação da densidade óssea e proteção óssea.

Produção Insuficiente de Hormônio ou Menopausa Precoce

As mulheres pertencentes a esses grupos podem apresentar um risco aumentado para doenças cardiovasculares, Diabetes Mellitus, sintomas vasomotores persistentes, perda óssea e fraturas, sintomas geniturinários, disfunção sexual, disfunção cognitiva e alterações de humor, aumento do risco de demência, glaucoma, depressão e baixa qualidade de vida.

Na ausência de contraindicações, a terapia hormonal é recomendada pelo menos até a idade média da menopausa (aproximadamente 52 anos), com opção de uso de anticoncepcionais orais em mulheres jovens e saudáveis.

Sintomas Vulvovaginais

A síndrome geniturinária da menopausa envolve alterações nos lábios, vagina, uretra e bexiga, e inclui atrofia vulvovaginal. Os sintomas podem incluir secura, queimação e irritação genital; sintomas sexuais de diminuição da lubrificação e dor com a atividade sexual; e sintomas urinários de urgência, dor ao urinar e infecções urinárias.

Nesses casos, a terapia hormonal sistêmica e a vaginal de baixa dosagem são eficazes.

Podendo, assim, melhorar a síntese de colágeno e o epitélio vaginal; aumentar a lubrificação, o fluxo sanguíneo e a sensibilidade nos tecidos vaginais.

É importante ressaltar que faltam evidências da eficácia para o prolapso de órgãos pélvicos, interesse sexual, excitação e orgasmo.

Nos casos em que a reposição hormonal é contraindicada, podem ser utilizadas medicações e realizados os exercícios do assoalho pélvico.

 

Terapia Hormonal Bioidêntica Manipulada

Essas terapias podem combinar múltiplos hormônios, tais como o estrogênio, a testosterona e a progesterona. Estas usam combinações, formulações e vias de administração não testadas e não aprovadas, como os implantes subdérmicos.

São preparadas por um farmacêutico e o processo de fabricação ainda apresenta riscos de sobredosagem ou subdosagem, de presença de impurezas e falta de esterilidade. Além da falta de dados científicos de eficácia e segurança e da falta de uma rótulo descrevendo os riscos.

 

A Terapia de Reposição Hormonal e o Risco de Câncer
Câncer de Mama

O risco de câncer de mama relacionado ao uso de terapia hormonal é baixo, com estimativas indicando uma ocorrência rara (menos de um caso adicional por 1.000 mulheres por ano de uso de terapia hormonal ou três casos adicionais por 1.000 mulheres quando usado por 5 anos).

O efeito da terapia hormonal no risco de câncer de mama pode depender do tipo, duração e características individuais.

Diferentes regimes de terapia hormonal podem estar associados ao aumento da densidade mamária, o que pode dificultar a interpretação mamográfica.

Evidências sugerem que o uso da terapia hormonal não aumenta ainda mais o risco de câncer de mama em mulheres com alto risco devido ao histórico familiar de câncer de mama.

A terapia hormonal sistêmica geralmente não é recomendada para sobreviventes de câncer de mama.

Câncer Endometrial

Reposição de estrogênio sistêmico em uma mulher na pós-menopausa com útero intacto aumenta o risco de câncer endometrial, portanto, é recomendada a combinação de progestogênio.

O progestogênio irá proteger o útero contra o crescimento desordenado do endométrio causada pela ação do estrogênio.

A reposição de estrogênio vaginal em baixas doses não parece aumentar o risco de câncer endometrial.

Câncer de Ovário

O uso de anticoncepcionais orais está associado a uma redução significativa no risco de câncer de ovário.

A terapia hormonal não é recomendada para mulheres com câncer de ovário hormônio-dependente.

Câncer Colorretal

Estudos observacionais sugerem uma incidência reduzida de câncer colorretal em usuárias atuais de terapia hormonal, com redução da mortalidade.

 

Conclusões

A terapia hormonal é o tratamento mais eficaz dos sintomas vasomotores e da síndrome geniturinária da menopausa e demonstrou prevenir a perda óssea.

Os riscos da terapia hormonal diferem para as mulheres, dependendo do tipo, dose, duração do uso, via de administração e momento de iniciação.

O tratamento deve ser individualizado, focado em maximizar os benefícios e minimizar os riscos, com intervenções e reavaliações periódicas.

Para mulheres que iniciam a terapia hormonal após 10 anos ou mais do início da menopausa ou após os 60 anos, a relação risco-benefício parece menos favorável do que para mulheres mais jovens, devido aos maiores riscos absolutos de acidente vascular cerebral e tromboembolismo venoso.

É importante destacar que a terapia hormonal pode causar efeitos colaterais, sendo assim, é muito importante que a mulher, juntamente com um profissional de saúde, os identifique e avaliem a continuidade ou não do uso.

Mantenha-se informada, mas acredite somente em informações de fontes confiáveis.

Entenda os benefícios e possíveis riscos da terapia de reposição hormonal para que possa fazer uma escolha que se ajuste às suas necessidades de saúde.

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